No Rip & Roll!!

segunda-feira, julho 21, 2008

Show do Bluesman Eddie C. Campbell, em Novo Hamburgo




Era terça-feira, dia 08 de Julho de 2008, minha primeira semana de férias da faculdade e início da Lei Seca com tolerancia zero. Fazia uma noite agradável, de temperatura amena em meio ao inverno e fui até a cidade de Novo Hamburgo para assistir o show de Eddie C Campbell no Abbey Road Bar. Natural de Chigado, Eddie é uma lenda do blues.
Logo que entrei, encontrei alguns amigos, fiquei conversando em uma sala antes do ambiente principal e percebi que acontecia o show de abertura. Não olhei quem era, mas tinha um piano e uma bela voz feminina. Quando era por volta das 23h30, eu estava buscando um bom lugar para assistir o show e reparei uma movimentação no fundo do bar quando vi que passeava uma pessoa de bengala que suspeitei ser o bluesman de chicago.
Antes dele, subiu ao palco a banda que o acompanha nos shows pelo Brasil, a The Blues Special Band. E uma banda formada por músicos que residem em Porto Alegre: Gaspo “Harmônica” na gaita de boca, Edu Meireles no baixo, André Tubino na guitarra e Adrian Flores, baterista Argentino que os lidera. A banda começa a tocar enquanto, em passos lentos e ajudado por sua bengala enquanto é aplaudido, Eddie C Campbell vai humildemente com expressão feliz no rosto, atravessando o público pelo meio do bar se dirigindo ao palco. Ele está vestindo uma calça clara por dentro das botas - que parecia de camurça e com franjas – e uma camisa amarela.
Ao chegar ao palco e pegou sua guitarra, uma Fender Jaguar Rosa com escudo preto - segundo informações, o único instrumento desde 1952 - plugada em um fender Blues Jr. As cordas eram grossas e lisas e o reverber (efeito que simula um eco) estava bem acentuado, o que dava um som muito característico. Em muitos momentos, ele deixa a palheta de lado e toca com os dedos, mas não com as pontas. Fricciona-os nas cordas como se estivesse espalhando cola em um papel ao invés de bater nas cordas.
Assim que ele começou a cantar, tive a sensação de estar escutando um disco, de tão bem que soava aos meus ouvidos. Eu não conhecia nenhuma música, mas achei uma melhor que a outra. Na verdade, resolvi ir ao show por se tratar de um grande nome do blues e não queria perder essa chance de conhecer e ver de perto. Mas para dizer que conhecia alguma coisa, identifiquei três canções de outros autores durante o show: o clássico Summertime, Lucille do B.B. King e uma versão boa demais de Sex Machine do James Brown – talvez a música em que o público mais se sacudiu.
Eddie C Campbell demonstra todo o feeling que se espera de um bluesman de verdade, muita inspiração em seus solos e uma dose grande de carisma pelos dialogos com o publico – contou que dentre as poucas coisas que fala em portugues, “show de bola” foi uma das que aprendeu recentemente.
Mais para o final do show, ele largou a guitarra apoiada no chão e quando parecia que encaixaria a palheta entre as cordas, a deixou cair. Enquanto isso, a banda seguia tocando, e ele pisou sobre a palheta ao mesmo tempo em que, com a mão que segurava a guitarra, soltou uma nota. E assim ia fazendo: pisava sobre a palheta e ia tocando, como se a mesma estivesse viva. Foi uma brincadeira muito musical e divertida para quem olhava as caras e bocas que Eddie fazia. Se extendeu por alguns minutos até que ele se despediu e foi embora. Porém, os pedidos de “bis” foram tantos que ele voltou para fazer uma última música.
Quando terminou, era quase 1h30 e ele ficou junto ao palco distribuindo autografos e tirando fotos com os fãs. Acompanhado da excelente Special Blues Band, Eddie ainda faria shows em Porto Alegre, Caxias, Bento Gonçalves, Curitiba e Rio de Janeiro em sua estada pelo Brasil. E nunca esquecendo que essa é uma iniciativa do Adrian Flores e companhia! Até o próximo show!