No Rip & Roll!!

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Ben Harper & Donavon Frankenreiter - Parte Final

Era por volta de meia noite quando o staff terminou a troca do equipamento de palco. As luzes brancas então apagaram dando lugar a tradicional iluminação tipo "penumbra" de início de show e o telão atrás do palco (que não havia funcionado no show do Donavon) acendeu com a projeção BHIC - Ben Harper & Innocent Criminals! Os músicos foram entrando juntos no palco e tomando seus lugares até que, em meio a eles, aparece de mãos livres, vestindo uma camisa pólo xadrez, o grande motivo de estarmos ali: Beeeeeeeeeen Harper!!! Ele senta na sua tradicional cadeira forrada com uma estampa que lembra algo indígena, o roadie traz o Lap Steel acústico e começa uma sonzeira pesada que, se não me engano, era "Ground on Down".

Escolhi a foto acima, pois aconteceu exatamente essa cena durante a primeira música. O show começa com uma pegada forte e muita energia! Abrindo "parêntese", o Lap Steel é uma guitarra de colo onde o músico toca com uma barra de ferro (steel) cromado na mão esquerda, o que resulta num som que lembra música tradicional hawaiana. E Ben Harper é um exímio músico nesse instrumento. Fecha "parêntese", voltando...
Terminada a primeira música, Ben Harper se levanta, pega uma guitarra modelo Les Paul e, para delírio do público, a banda engata o reggae "With my own 2 hands", do penúltimo disco. A banda, aliás, era formada por um baixista, esse que aparece na foto também, um baterista, um pianista, um percussionista e um guitarrista que fez base e alguns solos muito bons.
Em seguida, veio "Steal my kisses", um de seus grandes hits, onde o percussionista deu um show no cajón (aquela caixa de madeira que o músico senta em cima e toca com as mãos) e a pesada "Glory and consequense" - essa com o Lap Steel de novo. Não lembro se já era o de construção maciça, pois ele alternou bastante entre os dois.
Nessa primeira parte, passeando com muita personalidade entre reggae, soul, blues e rock, a voz peculiar de Ben Harper levou a galera ao delírio tocando grandes sucessos de sua carreira. Destaco como maiores feedbacks do público: "Amen omen", "Diamonds on the Inside" - com participação do Donavon Frankenreiter alternando com Ben os vocais e tocando um dos solos de guitarra - e "Sexual Healin", música de Marvim Gaye, grande sucesso nas performances ao vivo do cantor - registrado, inclusive, no disco "Live from Mars", de 2001. A essa altura, já havia gente indo embora, pois achavam que era final de show ou estavam cansados pelo avançado da hora. Mas tinha muito som pela frente ainda...
Era chegado um momento clássico do show de Ben Harper. A banda sai do palco e fica somente ele, o violão (dessa vez eu tava tão emocionado que nem me preocupei em ver a marca do instrumento), um canhão de luz deixando aquele famoso círculo de luz sobre o artista e três clássicos executados em seqüência: "Waiting on an Angel", "Walk away" e "Another lonely day". Hey, Hey...
Terminado esse momento violão, vêm o solo de Lap Steal... magnífico! Não era um solo padrão que Ben Harper executa todos os shows. Era muito harmonioso, com uma melodia que me lembrou antigas baladas countries. E foi crescendo, crescendo... até que explodiu em um improviso pesado - aliás, improviso foi o que não faltou no show! E que improvisos!!!. Finalizado o belíssimo solo, volta a banda...
Eu, particularmente, gostei muito dessa volta. Rolou um solo de baixo cheio de groove e uma blueseira (na gíria podemos dizer que é um "blues muito pegado") de botar qualquer casa abaixo! Sem contar num momento em que Ben, tocando uma balada gospel, que me lembrou muito "Show me a little shame", pediu para todo o público fazer silêncio e cantou fora do microfone com a banda numa dinâmica que parecia os instrumentos estarem desplugados. E ele foi cantando um bom pedaço de música até explodir num grito mudo, possível de ser escutado apenas pela "sobra" que a ambiência dos microfones captam, e que entra a banda toda plugada a milhão novamente. Catarse total! A música termina, o cantor levanta os braços e a galera ovaciona! Nessa música, o telão que até agora havia exibido muita figuras abstratas e alguns cenários com árvores, exibia os vitrais de uma igreja.
Não lembro qual foi a última música mas, após um daqueles clássicos finais extendidos, saiu toda a banda do palco. Porém, as luzes continuaram normais e os amplificadores ligados. Em coro o público grita: "Ben Harper!! Ben Harper!!". Os mais cansados que não resistiam, abandovam o Pepsi on Stage. Que pena! Estava por vir o final do show...
Então, a banda volta e executa dois dos maiores clássicos de Ben Harper: "Burn one down" - com mais um show particular do percussionista - e "Burn to shine". Terminada essa música, vêm um rock progressivo, quase psicodélico com o telão exibindo as mesmas imagens anteriores dos vitrais da igreja, porém toda distorcida quando, inesperadamente, acontece mais um daqueles momentos mágicos: "Get up, Stand up", do rei do reggae, Bob Marley. Muito DEZ!! Até que chega o derradeiro final.
A gente pôde perceber que era a última música pois, enquanto era executada, as luzes brancas iam sendo acesas. Não conheço a música, mas era pesada sem ser distorcida, e com um arranjo vocal muito elaborado... bem gospel! Termina o som, a banda se reúne no centro do palco e recebe os merecidos aplausos. Calculo que era a metade do público inicial que aplaudia ostensivamente cada vez que Ben harper levantava os braços e acenava com uma marcante expressão de vitória no rosto. Brilhante! Impecável!! Sensacional!!!
Pelos meus cálculos, foram mais de 2h30 de som. Era o aniversário da Simone e eu me sentia o grande presenteado por poder ter assistido esse show... obrigado, Si!! E valeu Bruno e Bárbara, pois realizamos aquele antigo sonho de ver o Ben Harper juntos, ao vivo!