No Rip & Roll!!

segunda-feira, julho 21, 2008

Eu vi o Chuck Berry!!!



Noite fria de sábado no mês de Junho, dia 21. Eu estava ansioso para assistir o show do inventor do rock na guitarra elétrica, tanto que havia comprado o ingresso tão logo fiquei sabendo que estavam à venda. Pela segunda vez, eu iria ao Pepsi on Stage assistir uma atração internacional.
No dia em que fui comprar o ingresso, estava determinado a ficar o mais próximo possível do palco (tão próximo o meu bolso permitisse também). Pensei que seria a pista, mas foi diferente pois as cadeiras ficariam antes da pista. Então, olhei o mapa de lugares e meu bolso permitiu que comprasse um bom lugar no Setor B das cadeiras.
O show estava marcado para as 21h e teria uma atração de abertura, o bluesman Porto Alegrense Fernando Noronha. Fui acompanhado de minha namorada e de meu cunhado. Nos programamos para chegar mais cedo e “curtir” o clima de show - continuo achando que o estacionamento do aeroporto é a melhor opção de lugar para deixar o carro e foi isso que fizemos. O único inconveniente é atravessar o valão que tem entre o prédio da Safe Park e o Pepsi on Stage.
Quando era 20h, lá estávamos nós ingressando no local do show. Não havia filas e o público estava bem tranqüilo, bastante encasacado e muitos de chapéu. Havia pessoas de todas as idades esperando para ver o rei da guitarra.
Pontualmente as 21h, Fernando Noronha e a banda que o acompanha, a Black Soul subiram ao palco e fizeram um showzaço de seis músicas. Ele esbanjou carisma, técnica e pegada. Foi sem dúvida um belo aquecimento... na verdade, foi tão bom quanto o show que viria depois.
Terminado o show de abertura, sentia-se o clima de ansiedade no ar. As críticas ferozes vindas dos outros locais onde Chuck Berry havia se apresentado no Brasil, nos deixavam com uma expectativa grande, pois elas diziam que Chuck, aos 81 anos, estava errando acordes, cantando mal e tão cansado ao ponto de não conseguir manter o andamento das músicas. Não demorou muito para que o show fosse anunciado e nossa curiosidade começasse a ser desvendada.
Eis então que, trajando calça preta, uma camisa de lantejoulas vermelhas e um chapéu de almirante da marinha, surge o agora grisalho rei da guitarra elétrica. O público que até agora estava sentado levantou instantaneamente e ovacionou o ídolo. Foi realmente emocionante, de arrepiar. A banda era composta por um baterista brasileiro chamado Maguinho, um baixista que parecia ser quase da idade de Chuck, um tecladista com os cabelos totalmente brancos e seu filho, Charles Berry Jr na guitarra.
Nas duas primeiras músicas, não percebi algum erro desses que haviam sido comentados em outros locais, mas a partir da terceira eles realmente surgiram. Alguns eram gritantes, mas nada que tirasse o brilho do que estávamos ali assistindo. Ao final de cada músico, a platéia ecoava em uníssono “Chuck! Chuck! Chuck!” e o guitarrista com semblante de impressionado berrava ao microfone: “I love you!”. Óbvio, ele estava no Rio Grande do Sul, o estado disparado do Brasil onde mais se entende de rock and roll. Estávamos todos pensando: “Uau! É o inventor do rock and roll em carne e osso na nossa cidade!”. O show transcorreu num clima de muita emoção, com direito até a “Duck Walk” (aquele passo característico que Chuck faz) sendo que ele percorreu mais da metade do grande palco. A sensação foi muito bacana, pois estava vendo algo que somente tinha olhado em vídeos de shows dele. Na brincadeira “My ding a ling”, o público particpipou em massa, mas não o pessoal do mesanino que acabou sendo advertido pelo rei da guitarra.
A banda tocou alguns sucessos como “You never can tell”, “Roll over Beethoven”, “Rock and Roll Music” e “Johnny B. Goode”, mas foi um show curto de exatos 50 minutos. Isso é tempo insuficiente, pois boa parte de seus grandes sucessos ficaram fora do setlist. Erros a parte, pois tecnicamente, Chuck está muito aquém do guitarrista que fora, a emoção de ter visto ao vivo compensou qualquer um desses problemas. A única coisa que tenho a dizer a quem é amante do rock e deixou de ir devido as críticas negativas é que a aura do rei da guitarra elétrica estava forte e iluminando nossa noite de rock and roll!